20.6.10

saudade

Sinto-o. Eu sinto, apesar de tu não. Sinto o vazio no meu peito, todo o peso do mundo nas minhas costas. Os olhos prestes a transformar-se em poços de lágrimas, o corpo gelado de dor. As suas garras cravando-se do meu coração.
As garras da saudade. Sinto a saudade. Sim, chama-se assim a este estado de podridão moral.
Chama-se assim a esta sensação de sufocar, chama-se assim à face que flutua em frente aos meus olhos húmidos cada segundo da minha vida.
Chama-se assim, saudade, ao longo momento em que parte de mim morre. Sinto-te como se estivesses aqui, a magia do teu toque, os teus olhos trespassando-me como flechas.
Mas quando penso que não estás comigo, então sinto o chão desabar por baixo dos meus pés, um vazio negro como a noite puxando-se para a solidão. Sinto-me pequeno, insignificante, quebrado.
Preciso de ti. Nunca o disse sobre ninguém com tanta verdade, mas também nunca precisei de ninguém como preciso de ti. És alimento para a minha alma, água para o meu coração, um derradeiro raio de luz no breu da minha vida.
Não te posso tocar. Não te posso ter. E também não o peço. Só quero a tua presença junto a mim, o teu corpo perto do meu.
O sentimento rói-me, essa maldita saudade que alguém se lembrou de inventar para transformar os homens em cacos de vidas quebradas.
E no entanto, não desisto nem desistirei. Um dia, o amor que sinto por ti vai escorrer por entre os meus dedos e morrerá. E com ele, irá a saudade e a ânsia de te ter.


(j.m)

Sem comentários:

Enviar um comentário

obrigadoooo !